12/04/2023

O SIGNO LINGUÍSTICO


Signo, de uma forma geral, é toda unidade simbólica que, quando utilizada, faz referência a (ou substitui) outra coisa. Nas palavras do linguista Francisco da Silva Borba, o signo é “alguma coisa no lugar de outra” (BORBA, 2008, p. 18).

 

O signo linguístico, por sua vez, que é o que nos interessa em língua portuguesa, como um subconjunto do grupo maior dos signos, é a unidade vocal dotada de sentido que é formada pela união de duas facetas indissociáveis: o conceito a respeito de determinada coisa (ou significado), e a imagem acústica (ou significante), algo como a compreensão de como seriam os sons com que representamos esse conceito.

 

Atente-se às expressões “a respeito de determinada coisa” e “compreensão de como seriam os sons”, que enfatizam aspectos mentais e não físicos. A esse respeito, Ferdinand de Saussure nos esclarece: “o signo linguístico une não uma coisa e uma palavra, mas um conceito e uma imagem acústica” (2012, p. 106). Tal citação deixa claro que ao tratar do signo e seus constituintes indissociáveis, Saussure tinha em mente o caráter psíquico da língua.

 

Pensemos num carro. Obviamente, todos temos a ideia do que seja este objeto: um veículo automotivo, com rodas, volante, chassi... A partir do momento em que nos vem à mente o objeto carro, colocamos em prática as duas faces do signo linguístico carro. Isso porque junto com a ideia do que seja esse objeto (significado ou conceito) pensamos, imediatamente, nos elementos sonoros que se referem a essa ideia (significante ou imagem acústica).

 

A partir do que ficou dito acima, podemos concluir que o significante e o significado são inseparáveis. Não existe signo só com significante, ou seja, só com a imagem acústica (pois, caso contrário, teríamos apenas um ruído), assim como não existe signo só com significado, ou seja, só com o conceito (pois, neste caso, teríamos na mente algo que não seríamos capazes de expressar ou mesmo distinguir com perfeição).

 

Pois bem: os signos linguísticos possuem a capacidade de associarem-se e oporem-se, de modo a formar a linguagem e, principalmente, todo o complexo representativo a ela inerente. Essa segunda dupla faceta (a primeira é a união de significante e significado) é que dá origem aos conceitos de sintagma e paradigma. Pense na seguinte sentença: este é um belo carro. Percebe-se que não temos mais uma única ideia a representar, ou seja, a de um objeto dotado de rodas, volante etc. Temos pelo menos duas ideias: a do carro e a da beleza que se afirma que ele tem. Para expressar estas ideias, nos utilizamos de vários signos, elencados de forma linear e sucessiva. Este é o plano das relações sintáticas. Todavia, podemos modificar a sentença, de modo a dizer este é um ótimo carro ou este é um péssimo carro. É inegável que o sentido das sentenças é bem diferente e isso só é possível graças às oposições entre os adjetivos “belo”, “excelente” e “péssimo”. Esta capacidade que os signos têm de se alternarem (ocupando uns o lugar dos outros de modo a conferir novos sentidos a uma sentença) é fruto das relações paradigmáticas.

 

Veja abaixo um quadro que ilustra bem as relações sintagmáticas e paradigmáticas. Embora tais relações possam ocorrer em vários níveis, como o dos morfemas ou o dos fonemas, preferi, para fins didáticos, exemplificar apenas no âmbito de uma frase e suas palavras. Perceba que elenquei algumas possibilidades e destaquei em negrito as escolhas feitas, que resultaram numa frase. Tente verificar quantas diferentes possibilidades de frases você consegue formar alternando as palavras do eixo paradigmático:

 


Essa tarefa de escolher e relacionar as palavras nós fazemos cotidianamente nas nossas atividades comunicativas e é essencial para que consigamos interagir e nos expressar com eficiência.

 

Para melhor entender o conceito de signo linguístico, estude os textos referentes aos temas abaixo, aqui mesmo no site Professor Weslley Barbosa:

 

Linguagem

Língua

Linguística

Comunicação

Gramática

 

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Professor Weslley Barbosa