A palavra “língua” refere-se ao sistema abstrato de normas, assumidas
coletivamente por um grupo, que possibilita a utilização de signos vocálicos e,
assim, torna possível a faculdade da linguagem.
O caráter coletivo da língua é o que possibilita a comunicação humana. Não seria possível
falarmos uns com os outros se não existissem outras pessoas que utilizassem o
mesmo sistema linguístico que utilizamos. O fato de haver diversos
povos, estabelecidos em diferentes pontos do globo terrestre, assumindo cada um
uma cultura, acaba por originar diversas línguas, cada uma delas portadora de
uma visão de mundo distinta. Assim, temos a língua portuguesa, a língua
francesa, a língua russa etc.
Com relação ao caráter coletivo, social da língua,
veja a definição encontrada no Dicionário
de Linguística: “sistema de signos vocais específicos aos membros de uma
mesma comunidade” (DUBOIS et al, 2006, p. 378).
Se acima afirmei que a língua é portadora de
“visões de mundo”, certamente há de se perceber que a língua está inserida dentro de uma cultura, sendo determinada por
uma série de questões de ordem temporal, histórica, social etc. Por isso mesmo,
a língua não é única, mas variável.
Ela muda de acordo com o grupo de indivíduos que se valem dela, sua classe
social, sua formação, sua profissão etc.
Disso, pode-se depreender que o sistema linguístico é mais ou menos estável, visto que, embora
haja certa regularidade entre os signos utilizados, é possível a existência de variações, muitas vezes inúmeras delas,
dentro de um determinado recorte temporal. Se utilizo a expressão “mais ou
menos estável” é porque tenho a consciência de que, embora uma língua varie de
acordo com o grupo de falantes que se utilizam dela, da situação ou mesmo das
intenções que estejam em jogo no momento da comunicação, há uma estrutura, um conjunto de regras que sempre irá determinar as
escolhas feitas pelos falantes. Assim, em português, os artigos sempre vêm antes dos substantivos, não sendo possível
alguém decidir-se a começar a usá-los depois. Além disso, não é possível que
alguém queira marcar o objeto indireto
por meio de declinação, como era feito no latim. Portanto, é importante ter em
mente que variação não é sinônimo de caos.
Existem duas formas de estudar uma língua:
- O estudo
histórico (ou diacrônico), onde se verifica a evolução daquela língua ao
longo do tempo. Por exemplo: um estudo diacrônico mostra que o verbo pôr veio da forma medieval poer.
- O estudo
descritivo (ou sincrônico), onde se estuda uma determinada língua a partir
de um recorte temporal, ou seja, num determinado momento. Assim, o estudioso
irá se preocupar com a organização daquela língua naquele momento, com suas
regras, sua estrutura, etc. Um exemplo de estudo sincrônico da língua é o que se
adota neste site, estudando a norma culta da língua portuguesa de acordo com as
regras atuais.
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