08/09/2022

LÍNGUA: apresentando um conceito


A palavra “língua” refere-se ao sistema abstrato de normas, assumidas coletivamente por um grupo, que possibilita a utilização de signos vocálicos e, assim, torna possível a faculdade da linguagem.

 

O caráter coletivo da língua é o que possibilita a comunicação humana. Não seria possível falarmos uns com os outros se não existissem outras pessoas que utilizassem o mesmo sistema linguístico que utilizamos. O fato de haver diversos povos, estabelecidos em diferentes pontos do globo terrestre, assumindo cada um uma cultura, acaba por originar diversas línguas, cada uma delas portadora de uma visão de mundo distinta. Assim, temos a língua portuguesa, a língua francesa, a língua russa etc.

 

Com relação ao caráter coletivo, social da língua, veja a definição encontrada no Dicionário de Linguística: “sistema de signos vocais específicos aos membros de uma mesma comunidade” (DUBOIS et al, 2006, p. 378).

 

Se acima afirmei que a língua é portadora de “visões de mundo”, certamente há de se perceber que a língua está inserida dentro de uma cultura, sendo determinada por uma série de questões de ordem temporal, histórica, social etc. Por isso mesmo, a língua não é única, mas variável. Ela muda de acordo com o grupo de indivíduos que se valem dela, sua classe social, sua formação, sua profissão etc.

 

Disso, pode-se depreender que o sistema linguístico é mais ou menos estável, visto que, embora haja certa regularidade entre os signos utilizados, é possível a existência de variações, muitas vezes inúmeras delas, dentro de um determinado recorte temporal. Se utilizo a expressão “mais ou menos estável” é porque tenho a consciência de que, embora uma língua varie de acordo com o grupo de falantes que se utilizam dela, da situação ou mesmo das intenções que estejam em jogo no momento da comunicação, há uma estrutura, um conjunto de regras que sempre irá determinar as escolhas feitas pelos falantes. Assim, em português, os artigos sempre vêm antes dos substantivos, não sendo possível alguém decidir-se a começar a usá-los depois. Além disso, não é possível que alguém queira marcar o objeto indireto por meio de declinação, como era feito no latim. Portanto, é importante ter em mente que variação não é sinônimo de caos.

 

Existem duas formas de estudar uma língua:

 

- O estudo histórico (ou diacrônico), onde se verifica a evolução daquela língua ao longo do tempo. Por exemplo: um estudo diacrônico mostra que o verbo pôr veio da forma medieval poer.

 

- O estudo descritivo (ou sincrônico), onde se estuda uma determinada língua a partir de um recorte temporal, ou seja, num determinado momento. Assim, o estudioso irá se preocupar com a organização daquela língua naquele momento, com suas regras, sua estrutura, etc. Um exemplo de estudo sincrônico da língua é o que se adota neste site, estudando a norma culta da língua portuguesa de acordo com as regras atuais.

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Professor Weslley Barbosa