A linguagem humana só se efetiva quando, no
mínimo, dois falantes decidem se comunicar, assumindo um determinado sistema de
formas e regras. Esse sistema de formas e regras é chamado de língua e já há um
artigo específico a seu respeito neste site (consulte aqui).
Por sua característica essencialmente interativa,
a linguagem se impõe como uma atividade que extrapola o indivíduo e chega ao
nível das relações sociais, da
convivência e troca de experiências em grupo.
Vale a pena
citar um trecho do linguista Francisco da Silva Borba para uma melhor
compreensão dessa questão. Tratando do “mecanismo da comunicação”, Borba
afirma:
Comunicar,
portanto, é transmitir uma informação. Para isso se constroem mensagens, cujos elementos são tirados
de um sistema ou código. [...] É
necessário, para que a comunicação se efetue, que haja, de um lado, quem
formule a mensagem para enviar a notícia e, de outro, quem a receba e a
decifre, quer dizer, de um lado está o emissor
(E) e de outro, o receptor (R)
(BORBA, 2008, p. 22 – 23 – grifos do autor).
Fica claro que
o ato comunicativo envolve uma série de fatores, como o emissor (quem fala ou
escreve), o receptor (quem ouve ou lê), a mensagem (ou o que se diz), o código
(ou o modo como se organiza a mensagem) etc. Acrescento, ainda, o contexto sociodiscursivo como elemento
determinante desse processo, pois é inserido num determinado contexto,
interagindo com certas pessoas, a partir de certa visão de mundo, em certa
cultura, num determinado momento histórico, que o indivíduo pode, efetivamente,
fazer suas escolhas discursivas.
Sendo determinado
pelo contexto, pelos indivíduos e pelos objetivos em jogo no momento da comunicação, o ato comunicativo é envolto em intencionalidades e estabelecido a
partir de um acordo de intercompreensão
firmado quase que inconscientemente entre os interlocutores.
Segundo José
Carlos de Azeredo:
As
pessoas dirigem a palavra umas às outras movidas por algum propósito: pedir ou
dar uma informação, fazer um convite, dirigir uma saudação, prometer algo, dar
uma ordem, agradecer um favor, expressar um censura ou um elogio, desculpar-se,
iniciar, continuar ou encerrar uma conversa etc. Este comportamento verbal, com
que expressamos alguma intenção comunicativa, é o que se chama um ato de fala, e a menor unidade
linguística que o realiza discursivamente constitui uma frase (AZEREDO, 2013, p. 71 – grifos do autor).
Comungando com
Azeredo (2013), chamaremos o ato
comunicativo inserido num determinado contexto e sustentado em certas
intencionalidades de ato de fala. Basicamente todo enunciado
dirigido de um falante a um ouvinte se constitui num ato de fala.
Costuma-se
dividir os atos de fala em cinco categorias, conforme os objetivos que se
queiram alcançar:
Atos assertivos/representativos: são os atos
que trazem informações que podem ou não ser comprovadas. Assim, as afirmações
podem ser julgadas como verdadeiras ou falsas. Ex: É proibido estacionar neste local.
Atos diretivos: são atos que
carregam consigo um pedido, uma súplica ou uma interrogação. São indicações a
respeito da forma como se espera que o interlocutor proceda. Ex: Você poderia me passar o açúcar?; Adoraria que você viesse amanhã!
Atos compromissivos: há o
compromisso de realizar uma ação futura, em proceder de determinada forma. Ex: Não se preocupe que eu cuido desse assunto!
Atos expressivos: são os atos
que expressam os sentimentos do falante, principalmente em termos de desculpas,
felicitações etc. Ex: perdoe-me!
Atos declarativos: com a
efetivação do ato, ou seja, a declaração, instaura-se uma situação nova,
modificando-se uma situação anterior. Ex: batismo, a declaração de uma sentença
num julgamento etc.
_______________
Professor
Weslley Barbosa