25/11/2020

PREPOSIÇÃO: conceito, classificação e tipos


CONCEITUANDO A PREPOSIÇÃO

 

Preposições são palavras invariáveis que têm a função primordial de ligar dois termos dentro do discurso, ou seja, elas ligam os complementos às palavras completadas. Ao termo que pede o complemento chamamos de antecedente e ao que o complementa chamamos de consequente (MACAMBIRA, 2001; ALMEIDA, 2009). Veja no exemplo:

 

 

Antecedente

Preposição

Consequente

Gosto

de

você

Pede complemento

(gosta de quê?)

Faz a ligação entre

Os termos

Complementa o termo antecedente

 

Outros exemplos de preposições são: com; para; sobre; a; etc. (ver mais abaixo as preposições essenciais).

 

O fato de que as preposições têm função meramente conectiva enfatiza a sua natureza como formas dependentes, isto é, que não podem aparecer sozinhas no discurso (MONTEIRO, 2002; CÂMARA JR., 2005; BECHARA, 2015).

 

Domingos Paschoal Cegalla traz relevante observação em sua gramática, na medida em que afirma que a preposição:

 

Liga um termo dependente a um termo principal ou subordinante, estabelecendo entre ambos relações de posse, modo, lugar, causa, fim, etc. (CEGALLA, 2008, p. 268).

 

Tal definição (que também é adotada por CASTILHO, 2010, p. 583 – 584) auxilia numa delimitação semântica da preposição, na medida em que a classifica como termo conectivo e que estabelece uma relação de sentido. Assim, a preposição até poderia estabelecer uma relação de tempo (ficarei até amanhã) ou de lugar (daqui até ali), a preposição sob poderia estabelecer uma relação de modo (está sob custódia) e o de poderia estabelecer uma relação de posse (livro de João) ou de procedência (ganhei isso de você), entre outras.

 

PREPOSIÇÕES ESSENCIAIS

 

São as palavras que sempre são preposições. Sua lista é fechada, possuindo apenas 17 elementos:

 

a

com

em

por (per)

ante

contra

entre

sem

até

de

para

sob

após

desde

perante

sobre

trás

 

PREPOSIÇÕES ACIDENTAIS

 

São as palavras de outras classes que eventualmente são empregadas como preposições. São elas:

 

conforme

fora

salvante

salvo

segundo

tirante

consoante

afora

durante

menos

exceto

mediante

 

LOCUÇÕES PREPOSITIVAS

 

São grupos de palavras que têm comportamento na frase e função iguais às das preposições, ou seja, são invariáveis e servem para ligar um complemento a determinada palavra. Uma característica das locuções prepositivas é que elas sempre são concluídas por preposições (de, a, em, com), tendo geralmente um advérbio ou locução adverbial em seu início. Eis uma lista com algumas das locuções prepositivas: abaixo de; acima de; além de; a fim de; antes de; atrás de; aquém de; dentro em; dentro de; depois de; fora de; ao modo de; à maneira de; junto de; junto a; devido a; a par de; em face de; de fronte de, junto com; para com; sob pena de; etc.

 

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OBSERVAÇÕES:

 

1 – As preposições, por serem conectivos, têm natureza semelhante à das conjunções, sendo muitas vezes com elas confundidas pelos estudantes.

 

Na tentativa de estabelecer distinções entre as duas classes, não é incomum que os gramáticos, até mesmo os mais gabaritados, se equivoquem na conceituação. Neste sentido, assim nos diz Napoleão Mendes de Almeida:

 

Tanto a preposição quanto a conjunção são conectivos, isto é, são classes que desempenham função de ligação; ambas essas classes ligam, mas entre elas há esta diferença: a preposição liga palavras (substantivo a substantivo, substantivo a adjetivo, substantivo a verbo, adjetivo a verbo etc.), ao passo que a conjunção liga orações (ALMEIDA, 2009, p. 334 – grifos do autor).

 

Ora, qual não será a surpresa do estudante ao se deparar com uma frase como eu e você, onde a conjunção e liga duas palavras, o que foge, evidentemente, da conceituação de Almeida?

 

2 – Parece que o conceito mais adequado e que mais profundamente diferencia as duas classes é o que apresenta a preposição como palavra invariável que liga dois termos, estabelecendo sempre uma relação de dependência entre um e outro. Isso porque a conjunção, conforme se pode observar em artigo específico (consulte aqui), liga orações por coordenação, subordinação ou correlação, ou palavras  de funções semelhantes dentro de uma mesma oração (CUNHA; CINTRA, 2008, p. 593). Segundo Hauy (2014), a conjunção estabelece a relação “entre categorias iguais, apenas quando coordenativa, e somente entre verbos [ou orações], quando subordinativa” (p. 763).

 

Resumindo, pode-se dizer que a conjunção ou liga orações, como afirmava Almeida (2009) ou, quando liga palavras, o faz somente entre palavras de natureza semelhante e estabelecendo uma relação de coordenação entre elas. É o que ocorre no caso do exemplo dado na observação 1, em que eu e você, como dois pronomes sem qualquer relação de dependência, podem figurar, ambos, como núcleos de um sujeito, por exemplo (são coordenados entre si).

 

Já a preposição sempre introduz um termo que está subordinado a outro. No primeiro exemplo dado, gosto de você, a expressão de você é mero complemento do verbo, e a própria presença da conjunção já indica sua função completiva. Para Cunha e Cintra, as preposições “relacionam dois termos de uma oração, de tal modo que o sentido do primeiro (antecedente) é explicado ou completado pelo segundo (consequente)” (2008, p. 569).

 

3 – É importante perceber que modernamente não se tem adotado mais a noção de que as preposições são “vazias de sentido”. Elas verdadeiramente não têm sentido se usadas sozinhas numa situação de comunicação (ninguém entra numa sala e diz para alguém “ante” esperando ser compreendido), mas quando dentro de uma sentença, elas possuem sim significação.

 

Para Infante e Cipro Neto:

 

Em alguns casos (particularmente nas locuções adverbiais), as preposições não apenas conectam termos da oração, mas também indicam noções fundamentais à compreensão da frase. Observe: saí com pressa; pus sob a mesa […] (2008, p. 314 – grifos dos autores).

 

Já Ataliba de Castilho vai além, estabelecendo a significação como algo extensível a todas as conjunções:

 

Frequentemente os gramáticos afirmam que as preposições são palavras “vazias de sentido”, certamente dada a dificuldade de identificar o sentido nessa classe. Nesta gramática, vamos admitir que casa preposição tem um sentido de base, de localização espacial ou temporal. Nem sempre temos uma consciência clara disso, mas nem por isso vamos aceitar a “explicação” do “sentido vazio”. Palavras sem sentido seriam ruídos, signos dotados só de significante – enfim, uma aberração (CASTILHO, 2010, p. 583 – grifos do autor).

 

Aqui no site Professor Weslley Barbosa adotarei posição semelhante à de Castilho, defendendo que todas as preposições têm sim o seu sentido, ainda que apenas tenuemente percebido.

 

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Professor Weslley Barbosa