09/07/2019

CONJUNÇÃO: conceito e classificações


DEFININDO A CONJUNÇÃO

 

Conjunção é o termo invariável que tem a função primordial de ligar, ou seja, relacionar, duas orações ou dois elementos semelhantes dentro de uma mesma oração. Chamamos de conjunções coordenativas as conjunções que ligam dois elementos semelhantes ou duas orações de mesma função (independentes). Já as conjunções que ligam orações dependentes são chamadas de conjunções subordinativas. Veja nos exemplos:

 

João e Maria casaram-se no sábado

Todos estudaram bastante e foram aprovados

Sabemos que você esteve doente

 

No primeiro caso, é evidente que a conjunção e liga duas palavras dentro de uma mesma oração, as duas, inclusive, desempenhando a mesma função (são núcleos do sujeito). Já no segundo exemplo, a mesma conjunção aparece ligando duas orações independentes, isto é, duas orações que poderiam perfeitamente aparecer sozinhas num enunciado. Tal conjunção, pelas aplicações possíveis nos dois primeiros exemplos, é coordenativa. Já no terceiro caso temos a conjunção que ligando duas orações de significação limitada e dependentes uma da outra. Portanto, a conjunção que é subordinativa. Passemos ao estudo detalhado de cada um dos tipos de conjunção.

 

CONJUNÇÕES COORDENATIVAS

 

Conforme já se adiantou, as conjunções coordenativas ligam termos de mesma natureza sintática, podendo, por isso, ligar duas orações ou duas palavras dentro de uma mesma oração. Nas palavras de Evanildo Bechara:

 

As conjunções coordenadas reúnem orações que pertencem ao mesmo nível sintático: dizem-se independentes umas das outras e, por isso mesmo, podem aparecer em enunciados separados (BECHARA, 2015, p. 336 - grifo do autor).

 

As conjunções coordenativas podem ser:

 

Aditivas: relacionam pensamentos similares, aproximando-os. Além disso, atuam adicionando, somando uma ideia à outra. São: e, nem (equivalente a e não), também, não sómas também, bem como.

 

Estivemos aqui ontem e fizemos a inscrição

Eles não estudaram nem foram aprovados

Não só Pelé foi o maior futebolista, mas também o maior atleta do século XX

 

OBSERVAÇÃO: Napoleão Mendes de Almeida acertadamente afirma: “nem, quando aditivo, supõe, antes, uma oração negativa e equivale analiticamente a ‘e não’: ‘Não foi nem (= e não) deixou que outros fossem’” (ALMEIDA, 2009, p. 349 – grifos do autor).

 

Adversativas: relacionam pensamentos contrastantes, diferentes, ou ainda opõem duas realidades. São: mas, porém, contudo, no entanto, todavia, entretanto, não obstante.

 

Gosto de ti, mas precisamos afastar-nos

Nosso time jogou bem, porém não conseguimos a vitória

Não sei o que pretendes, no entanto deixarei que entres

Nunca gostei dele, entretanto reconheço suas virtudes

 

OBSERVAÇÕES:

1 – Segundo o gramático Carlos Henrique da Rocha Lima: “ao contrário de mas, que se usa unicamente em começo de oração, as demais conjunções adversativas podem figurar ou no rosto da oração, ou depois de um dos termos dela” (ROCHA LIMA, 2018, p. 235 – grifo do autor). A título de demonstração, usarei um dos exemplos acima: Nunca gostei dele, entretanto reconheço suas virtudes pode ficar Nunca gostei dele, reconheço, entretanto, suas virtudes ou Nunca gostei dele, reconheço suas virtudes, entretanto.

 

2 – A conjunção e pode também ser usada como adversativa: estudaram muito e não conseguiram passar = estudaram muito mas não conseguiram passar.

 

Alternativas: relacionam ideias distintas e incompatíveis entre si, de modo que ao realizar-se uma delas, a outra prontamente estará excluída. São: ou, ouou, oraora, , querquer.

 

Jantaremos fora ou pedimos uma pizza em casa?

Ou você me escuta ou acabaremos tudo agora mesmo

Ora estás feliz, ora estás triste

Já se ganha, já se perde

 

Conclusivas: estabelecem um tipo de relação entre ideias em que a segunda é uma conclusão do que fora expresso na primeira. São: logo, portanto, por conseguinte, pois (posposto ao verbo), por isso.

 

O chão está molhado, logo choveu

Você recebeu uma ordem, portanto deve cumpri-la

O cigarro faz mal à saúde; deves, pois, evitá-lo

 

Explicativas: relacionam ideias de tal maneira que a segunda explica ou dá continuidade ao sentido da primeira. São: que, pois (anteposto ao verbo), porque, porquanto.

 

Não chores, que podes borrar a maquiagem

Preocupo-me pois te quero bem

Deves ter estudado muito, porquanto conseguiste uma excelente nota

 

OBSERVAÇÃO: perceba-se que as orações ligadas pelas conjunções conclusivas e as explicativas podem ser as mesmas, bastando-se inverter sua ordem. Se pegarmos o seguinte exemplo: Acordei tarde hoje, por isso atrasei-me e trocarmos a ordem das orações, teremos: Atrasei-me porque acordei tarde hoje.

 

CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS

 

As conjunções subordinativas, como o seu próprio nome já deixa claro, ligam orações criando entre elas uma relação de subordinação, isto é, estabelecendo a dependência de uma delas em relação à outra. Elas podem ser integrantes ou, ainda, indicar circunstâncias, à maneira dos advérbios. Vejamos:

 

Integrantes: iniciam orações subordinadas substantivas, ou seja, orações que funcionam como sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, complemento nominal ou aposto da oração principal. São: que e se.

 

Espero que você consiga a aprovação

Pergunte se ainda precisam de nossa ajuda

 

As conjunções abaixo indicam circunstâncias e, como tais, iniciam orações subordinadas adverbiais.

 

Causais: iniciam uma oração subordinada que representa uma causa. São: porque, que, pois, como, porquanto, visto que, pois que, desde que.

 

Você tirou boas notas porque é inteligente

Desde que você se foi, meus dias estão mais tristes

 

Concessivas: iniciam orações subordinadas que indicam uma concessão, ou seja, algo que se admite em relação ao que foi enunciado na oração principal, embora lhe seja contrário. São: embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, nem que, que, apesar de que.

 

Sempre tirava boas notas, embora não estudasse muito

Não pudemos vencer, apesar de que o tempo todo nos mantivemos na disputa

Nem que ele implorasse eu lhe daria uma segunda chance

 

Condicionais: iniciam orações subordinadas que indicam uma condição ou hipótese para algo enunciado na oração principal. São: se, caso, contanto que, desde que, salvo se, dado que, a menos que.

 

Se você quiser, poderemos conversar ainda hoje

Levarei em conta o seu pedido, desde que não gere despesas extras

Caso não haja melhor alternativa, seguiremos o plano de contingência

 

Conformativas: iniciam orações subordinadas que indicam um fato em conformidade com outro, expresso na oração principal. São: como, conforme, consoante, segundo.

 

Faça tudo conforme ele instruiu

Segundo consta nos registros, você ainda não quitou a dívida

 

Comparativas: iniciam orações subordinadas que estabelecem uma comparação. São: que, do que (em relação a mais, menos, maior, menor, melhor, pior), qual (em relação a tal), como (em relação a tal, tão, tanto), como se, assim como.

 

Eu o amo como a um filho

Tal qual seu antecessor, o atual governador tem exercido um bom mandato

Sempre foste mais estudioso do que o teu irmão

 

Consecutivas: iniciam orações subordinadas que indicam uma consequência para algo que se afirmou na oração principal. São: que (em ralação a tal, tanto, tão ou tamanho, que podem estar explícitos ou implícitos), de modo que, de sorte que, de forma que, sem que.

 

Ela dançou tanto que mal podia manter-se de pé

Não pode me ver na rua sem que venha incomodar-me

 

Finais: iniciam orações subordinadas que indicam a finalidade de algo enunciado na oração principal. São: para que, a fim de que, porque, que.

 

Pague logo o que me deves para que não gastes todo o dinheiro

Aconselhou seus alunos a chegarem mais cedo a fim de que não se atrasassem para a prova

 

Proporcionais: iniciam orações subordinadas que indicam proporção em relação à oração principal. São: à proporção que, à medida que, ao passo que, quanto mais mais.

 

À medida que crescia, mais rebelde ficava

Quanto mais te vejo, mais me encanto

 

Temporais: iniciam orações subordinadas que indicam a noção de tempo. São: apenas, mal, quando, antes que, depois que, até que, logo que, sempre que, assim que, desde que, cada vez que, ao mesmo tempo que.

 

Sairei quando chegares

Assim que puder, venha até aqui

Mal a polícia distanciou-se, recomeçou a balburdia

 

OBSERVAÇÃO: Cegalla (2008, p. 293) adverte que “a locução correta é ao mesmo tempo que, e não ao mesmo tempo em que” (grifos do autor). Expando tal observação para casos como à medida que, que muitos utilizam, equivocadamente, como à medida em que.

 

Como se viu, muitas conjunções iniciam mais de um tipo de oração subordinada, como o que, por exemplo. Nestes casos, resta ao estudante recorrer ao contexto para determinar com exatidão qual a circunstância expressa pela conjunção.

 

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Professor Weslley Barbosa