DEFININDO A CONJUNÇÃO
Conjunção é o termo invariável que tem a função
primordial de ligar, ou seja, relacionar, duas orações ou dois elementos
semelhantes dentro de uma mesma oração. Chamamos de conjunções coordenativas as
conjunções que ligam dois elementos semelhantes ou duas orações de mesma função
(independentes). Já as conjunções que ligam orações dependentes são chamadas de
conjunções subordinativas. Veja nos exemplos:
João e Maria casaram-se no sábado
Todos estudaram bastante e foram aprovados
Sabemos que você esteve doente
No primeiro
caso, é evidente que a conjunção e
liga duas palavras dentro de uma mesma oração, as duas, inclusive,
desempenhando a mesma função (são núcleos do sujeito). Já no segundo exemplo, a
mesma conjunção aparece ligando duas orações independentes, isto é, duas
orações que poderiam perfeitamente aparecer sozinhas num enunciado. Tal
conjunção, pelas aplicações possíveis nos dois primeiros exemplos, é coordenativa.
Já no terceiro caso temos a conjunção que
ligando duas orações de significação limitada e dependentes uma da outra.
Portanto, a conjunção que é
subordinativa. Passemos ao estudo detalhado de cada um dos tipos de conjunção.
CONJUNÇÕES COORDENATIVAS
Conforme já se
adiantou, as conjunções coordenativas ligam termos de mesma natureza sintática,
podendo, por isso, ligar duas orações ou duas palavras dentro de uma mesma
oração. Nas palavras de Evanildo Bechara:
As
conjunções coordenadas reúnem orações que pertencem ao mesmo nível sintático:
dizem-se independentes umas das
outras e, por isso mesmo, podem aparecer em enunciados separados (BECHARA,
2015, p. 336 - grifo do autor).
As conjunções
coordenativas podem ser:
Aditivas: relacionam
pensamentos similares, aproximando-os. Além disso, atuam adicionando, somando
uma ideia à outra. São: e, nem (equivalente a e não), também, não só… mas também, bem como.
Estivemos aqui ontem e fizemos a inscrição
Eles não estudaram nem foram aprovados
Não só Pelé foi o maior futebolista, mas também o
maior atleta do século XX
OBSERVAÇÃO:
Napoleão Mendes de Almeida acertadamente afirma: “nem, quando aditivo, supõe, antes, uma oração negativa e equivale
analiticamente a ‘e não’: ‘Não foi nem (= e não) deixou que outros fossem’”
(ALMEIDA, 2009, p. 349 – grifos do autor).
Adversativas: relacionam
pensamentos contrastantes, diferentes, ou ainda opõem duas realidades. São: mas, porém,
contudo, no entanto, todavia, entretanto, não obstante.
Gosto de ti, mas precisamos afastar-nos
Nosso time jogou bem, porém não conseguimos a
vitória
Não sei o que pretendes, no entanto deixarei que
entres
Nunca gostei dele, entretanto reconheço suas
virtudes
OBSERVAÇÕES:
1 – Segundo o gramático
Carlos Henrique da Rocha Lima: “ao contrário de mas, que se usa unicamente em começo de oração, as demais
conjunções adversativas podem figurar ou no rosto da oração, ou depois de um
dos termos dela” (ROCHA LIMA, 2018, p. 235 – grifo do autor). A título de
demonstração, usarei um dos exemplos acima: Nunca
gostei dele, entretanto reconheço suas virtudes pode ficar Nunca gostei dele, reconheço, entretanto,
suas virtudes ou Nunca gostei dele,
reconheço suas virtudes, entretanto.
2 – A
conjunção e pode também ser usada
como adversativa: estudaram muito e não
conseguiram passar = estudaram muito mas
não conseguiram passar.
Alternativas: relacionam
ideias distintas e incompatíveis entre si, de modo que ao realizar-se uma
delas, a outra prontamente estará excluída. São: ou, ou… ou, ora…
ora, já… já, quer… quer.
Jantaremos fora ou pedimos uma pizza em casa?
Ou você me escuta ou acabaremos tudo agora mesmo
Ora estás feliz, ora estás triste
Já se ganha, já se perde
Conclusivas: estabelecem
um tipo de relação entre ideias em que a segunda é uma conclusão do que fora
expresso na primeira. São: logo, portanto, por conseguinte, pois
(posposto ao verbo), por isso.
O chão está molhado, logo choveu
Você recebeu uma ordem, portanto deve cumpri-la
O cigarro faz mal à saúde; deves, pois, evitá-lo
Explicativas: relacionam
ideias de tal maneira que a segunda explica ou dá continuidade ao sentido da
primeira. São: que, pois (anteposto ao verbo), porque, porquanto.
Não chores, que podes borrar a maquiagem
Preocupo-me pois te quero bem
Deves ter estudado muito, porquanto conseguiste uma
excelente nota
OBSERVAÇÃO: perceba-se
que as orações ligadas pelas conjunções conclusivas e as explicativas podem ser
as mesmas, bastando-se inverter sua ordem. Se pegarmos o seguinte exemplo: Acordei tarde hoje, por isso atrasei-me
e trocarmos a ordem das orações, teremos: Atrasei-me
porque acordei tarde hoje.
CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS
As conjunções
subordinativas, como o seu próprio nome já deixa claro, ligam orações criando
entre elas uma relação de subordinação, isto é, estabelecendo a dependência de
uma delas em relação à outra. Elas podem ser integrantes ou, ainda, indicar
circunstâncias, à maneira dos advérbios. Vejamos:
Integrantes: iniciam
orações subordinadas substantivas, ou seja, orações que funcionam como sujeito,
objeto direto, objeto indireto, predicativo, complemento nominal ou aposto da
oração principal. São: que e se.
Espero que você consiga a aprovação
Pergunte se ainda precisam de nossa ajuda
As conjunções
abaixo indicam circunstâncias e, como tais, iniciam orações subordinadas
adverbiais.
Causais: iniciam uma
oração subordinada que representa uma causa. São: porque, que, pois, como, porquanto, visto que, pois que, desde que.
Você tirou boas notas porque é inteligente
Desde que você se foi, meus dias estão mais tristes
Concessivas: iniciam
orações subordinadas que indicam uma concessão, ou seja, algo que se admite em
relação ao que foi enunciado na oração principal, embora lhe seja contrário.
São: embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, nem que, que, apesar
de que.
Sempre tirava boas notas, embora não estudasse
muito
Não pudemos vencer, apesar de que o tempo todo nos
mantivemos na disputa
Nem que ele implorasse eu lhe daria uma segunda
chance
Condicionais: iniciam
orações subordinadas que indicam uma condição ou hipótese para algo enunciado
na oração principal. São: se, caso, contanto que, desde que, salvo se, dado que, a menos que.
Se você quiser, poderemos conversar ainda hoje
Levarei em conta o seu pedido, desde que não gere
despesas extras
Caso não haja melhor alternativa, seguiremos o
plano de contingência
Conformativas: iniciam
orações subordinadas que indicam um fato em conformidade com outro, expresso na
oração principal. São: como, conforme, consoante, segundo.
Faça tudo conforme ele instruiu
Segundo consta nos registros, você ainda não quitou
a dívida
Comparativas: iniciam
orações subordinadas que estabelecem uma comparação. São: que, do que (em relação a
mais, menos, maior, menor, melhor, pior), qual (em relação a tal), como (em relação a tal, tão,
tanto), como se, assim como.
Eu o amo como a um filho
Tal qual seu antecessor, o atual governador tem
exercido um bom mandato
Sempre foste mais estudioso do que o teu irmão
Consecutivas: iniciam
orações subordinadas que indicam uma consequência para algo que se afirmou na
oração principal. São: que (em
ralação a tal, tanto, tão ou tamanho, que podem estar explícitos ou
implícitos), de modo que, de sorte que, de forma que, sem que.
Ela dançou tanto que mal podia manter-se de pé
Não pode me ver na rua sem que venha incomodar-me
Finais: iniciam
orações subordinadas que indicam a finalidade de algo enunciado na oração
principal. São: para que, a fim de que, porque, que.
Pague logo o que me deves para que não gastes todo
o dinheiro
Aconselhou seus alunos a chegarem mais cedo a fim
de que não se atrasassem para a prova
Proporcionais: iniciam
orações subordinadas que indicam proporção em relação à oração principal. São: à proporção que, à medida que, ao passo que,
quanto mais… mais.
À medida que crescia, mais rebelde ficava
Quanto mais te vejo, mais me encanto
Temporais: iniciam
orações subordinadas que indicam a noção de tempo. São: apenas, mal, quando, antes que, depois que, até que, logo que, sempre que, assim que, desde que, cada vez que, ao mesmo tempo que.
Sairei quando chegares
Assim que puder, venha até aqui
Mal a polícia distanciou-se, recomeçou a balburdia
OBSERVAÇÃO: Cegalla
(2008, p. 293) adverte que “a locução correta é ao mesmo tempo que, e não ao
mesmo tempo em que” (grifos do autor). Expando tal observação para casos
como à medida que, que muitos
utilizam, equivocadamente, como à medida
em que.
Como se viu,
muitas conjunções iniciam mais de um tipo de oração subordinada, como o que, por exemplo. Nestes casos, resta ao
estudante recorrer ao contexto para determinar com exatidão qual a
circunstância expressa pela conjunção.
_______________
Professor
Weslley Barbosa