CONCEITO GERAL
Adjetivo é a palavra variável que tem a função de
caracterizar um substantivo. Conforme se verá artigos específicos que
dedicaremos ao estudo da sintaxe, numa oração o adjetivo pode exercer as
funções de predicativo e de adjunto adnominal (CEGALLA, 2008, p. 159; CASTILHO,
2010, p. 516).
Os adjetivos
podem ser divididos em:
Classificadores: são os
adjetivos que indicam propriedades
objetivas dos seres ou coisas aos quais se referem. Portanto, não há margem
para opiniões ou avaliações subjetivas:
estudos sociológicos |
festa junina |
escola dominical |
era medieval |
cavalo marinho |
pão francês |
Qualificadores: indicam
noções variáveis ou valorativas a respeito dos seres ou coisas aos quais se
referem. Neste caso há margem para opiniões:
mulher bonita |
festa animada |
corda resistente |
rua estreita |
casa pequena |
pão saboroso |
Apenas os
adjetivos qualificadores podem receber gradação, de modo que podemos dizer casa muito pequena, festa bastante animada etc., mas não podemos dizer *cavalo pouco marinho ou *pão bastante francês.
Por atribuir
uma característica ao substantivo, pode-se dizer que o adjetivo tem caráter
modificador (ALMEIDA, 2009; CUNHA; CINTRA, 2008). Para Napoleão Mendes de
Almeida:
Adjetivo é toda palavra que modifica a
compreensão do substantivo, afetando, quanto à ideia, a substância da coisa:
homem inteligente, laranjeira alta, rapaz estudioso, homem magnânimo
(ALMEIDA, 2009, p. 137 – grifos do autor).
CLASSIFICAÇÃO DOS ADJETIVOS
Quanto à sua
formação, o adjetivo pode ser classificado como:
Primitivo: é o adjetivo
que não deriva de uma outra palavra: bom,
branco, alegre, bonito etc.
Derivado: é o adjetivo
que deriva de um verbo, de um substantivo ou de outro adjetivo: piedoso (deriva do substantivo piedade), louvável (deriva do verbo louvar);
bondoso (deriva do adjetivo bom).
Simples: é o adjetivo
formado por apenas um radical: bela, distante, curto, alto, azul etc.
Composto: é o adjetivo
formado por mais de um radical: ibero-americano,
azul-marinho, médico-cirúrgico, alviverde,
afrodescendente etc.
LOCUÇÕES ADJETIVAS
Denomina-se de
locução adjetiva o conjunto de dois ou mais vocábulos que, embora de classes
gramaticais diferentes, unem-se para desempenhar a função de adjetivo.
Geralmente, as locuções adjetivas são formadas por preposição + substantivo (sem freio), mas também podem ser
formadas com advérbios (de cima),
numerais (de primeira) ou várias
classes juntas (como em peixe de água doce,
onde temos na locução uma preposição, um substantivo e um adjetivo). Veja
alguns exemplos:
rotina do
dia |
rotina diurna |
frase sem-jeito |
frase desajeitada |
menina de
coragem |
menina corajosa |
cheiro de
madeira |
cheiro amadeirado |
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OBSERVAÇÕES:
1 – Os gramáticos latinos não diferenciavam os
adjetivos dos substantivos, mantendo ambos sob a denominação comum de nomes. Segundo Ataliba de Castilho,
apenas a partir do século XVIII os gramáticos das línguas românicas (dentre
elas o português) passaram a tratar o adjetivo e o substantivo como classes
distintas (2010, p. 512).
2 – Os adjetivos têm algumas características derivacionais
próprias, como i) a possibilidade de indicarem modo, a partir da adição do
sufixo -vel: louvável, admirável, aceitável; ii) a possibilidade de
formarem advérbios, a partir da adição do sufixo mente: admiravelmente, perfeitamente etc.
3 – Pode acontecer de um adjetivo ser utilizado com
as mesmas funções de um substantivo. Veja-se, por exemplo, a frase o azul dos teus olhos coloriu a minha vida.
Nesse caso, a palavra azul assume a
função de núcleo do sujeito (característica própria de um substantivo), algo
reforçado pelo artigo definido que a está antecedendo. Quando isso ocorre, diz-se
que estamos diante de um adjetivo
substantivado. Outros exemplos: o gordo
e o magro, quem ama o feio… etc. O inverso também pode
acontecer, de modo a um substantivo exercer a função de um adjetivo, como em mulher maravilha, onde temos claramente
um substantivo (maravilha) exercendo
a função qualificadora própria dos adjetivos. Chama-se esse fenômeno de substantivo adjetivado.
4 – Interessante distinção faz a linguista Amini
Boainain Hauy (2014, p. 612 – 613) entre locuções
adjetivas e expressões adjetivas.
Para ela, seriam locuções apenas termos como verde-amarela, médico-cirúrgico
etc., ou seja, termos com a mesma natureza morfológica dos adjetivos compostos.
Já construções como de coragem, por
exemplo, por serem capazes de exercer funções que não são típicas de adjetivos
(como a de objeto indireto, em preciso de coragem), deveriam, para a
autora, ser consideradas apenas como expressões adjetivas. Entendo o
posicionamento da autora e encontro bastante verdade em suas colocações.
Todavia, para adequar o conteúdo da página Professor
Weslley Barbosa ao que é praticado pela maioria dos estudiosos e cobrado na
quase totalidade dos concursos e exames, adoto a terminologia única de locuções
adjetivas para tratar de tais termos.
5 – Julgo interessante, para solucionar possíveis
dúvidas, recorrer ao recurso apresentado por Macambira (2001, p. 38 – 39) e
antepor o advérbio tão (ou quão) a uma palavra, de modo a perceber
se ela é adjetivo ou não. Com efeito, sempre que a palavra permitir tal uso,
poderá ser classificada como adjetivo: tão
bonita, tão feio, tão seguro, tão branco, tão nobre. Já
a maioria dos substantivos não tolera tal construção: *tão casa, *tão rua, *tão amor… A exceção se dá para casos de
substantivos adjetivados, como em sou tão
homem quanto você ou você é tão burro
quanto um animal.
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